segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

"As minhas lágrimas ouviram-se do outro lado do mar. Tu também me conheces bem, também sabes o que sinto à menor inflexão da voz. Nunca disfarcei a tristeza contigo. Tentei rir-me da situação, queria que tudo fosse mais leve para ti, porque não gosto de incutir culpa, e sobretudo para mim, porque já sofri por ti tudo o que tinha a sofrer; disse-te que ao menos não estava a ter um ataque de hipotermia como já acontecera antes, numa tarde de Junho em que me vieste visitar. Eu chorava, mas sabia que as minhas lágrimas eram apenas um desabafo, uma forma eficaz de limpar de vez o que restava do meu amor por ti. Estas lágrimas serviam para lavar a minha alma definitivamente e livrar-me assim, para todo o sempre, da tua presença e da tua imagem."

Margarida Rebelo Pinto, in O dia em que te esqueci.

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